A liberdade de expressão, um dos pilares fundamentais de uma sociedade democrática, parece estar enfrentando desafios contraditórios no Brasil. Em um país onde todos deveriam ter o direito de falar abertamente e debater ideias, a realidade demonstra que essa liberdade é limitada por um sistema que age de maneira autoritária para silenciar vozes discordantes. Quando um sistema se revela incapaz de confrontar ideias e argumentos com a mesma abertura com que prega a liberdade, ele expõe sua face ditatorial, ainda que disfarçada por uma fachada de democracia.
No Brasil contemporâneo, muitos argumentam que a liberdade de expressão está em risco, não porque os indivíduos não possam falar, mas porque o "sistema", composto por instituições governamentais e certos setores da mídia, busca restringir e moldar o discurso para evitar críticas ou confrontos diretos contra ele. Essa suposta ditadura se manifesta em várias frentes: censura velada, controle da narrativa pública e intimidação de críticos e opositores. Não é incomum que vozes que desafiem o status quo sejam rotuladas e marginalizadas, sufocando o debate necessário para uma sociedade verdadeiramente livre.
Além disso, há uma crescente confusão entre manifestações de ódio e expressões de dúvidas. Em uma sociedade polarizada, aqueles que se expressam com dúvidas legítimas sobre políticas, decisões governamentais ou o funcionamento do próprio sistema muitas vezes são injustamente acusados de incitação ao ódio ou desinformação. Essa confusão é explorada para justificar a censura, especialmente quando o sistema não possui argumentos sólidos para refutar as dúvidas levantadas. Dessa forma, o ambiente de debate saudável é enfraquecido, pois muitos se sentem desestimulados a questionar ou opinar, temendo represálias.
Ao mesmo tempo, a falta de argumentos sólidos para rebater aqueles que falam a verdade leva o sistema a adotar uma postura de repressão, muitas vezes em nome da "ordem pública", da "segurança nacional" ou do "bem comum". Quando não há diálogo aberto e honesto, quando o sistema se protege através de mecanismos que buscam apenas calar a oposição, em vez de enfrentá-la com ideias e argumentos, configura-se uma espécie de ditadura moderna. E essa ditadura, ao contrário de outras mais explícitas, utiliza-se de leis, políticas e regulamentações para justificar suas ações, tornando-se ainda mais perigosa por ser menos evidente.
Nesse contexto, o medo da censura se torna uma ferramenta poderosa. Quando pessoas que levantam dúvidas são rotuladas como promotoras de ódio ou de desinformação, cria-se um ambiente em que o questionamento é desincentivado. O resultado é uma população desmotivada, sem vontade de lutar contra o sistema, que se sente constantemente vigiada e pressionada a conformar-se. Nesse cenário, a censura não precisa ser explícita; o medo da represália já é suficiente para fazer com que muitos se autocensurem, mantendo o "status quo" sem necessidade de repressão violenta.
Portanto, é essencial refletir sobre os mecanismos que limitam a liberdade de expressão no Brasil e questionar até que ponto essa liberdade é realmente garantida. É preciso distinguir claramente entre o discurso de ódio e as manifestações de dúvida ou crítica construtiva, reconhecendo que o debate é a base de uma sociedade democrática. Um sistema verdadeiramente democrático não teme a crítica, nem busca calar aqueles que falam a verdade. Pelo contrário, ele valoriza o debate e enxerga na divergência de ideias uma oportunidade de crescimento e fortalecimento. Se a liberdade de expressão no Brasil é, de fato, uma ditadura velada, cabe aos cidadãos lutar contra esse cerceamento, demandando transparência, abertura e, acima de tudo, respeito ao direito de expressão em todas as suas formas.
Por, Arte Notícia