Ali está ele – o velho coreto de Itabaiana, arrasado pelo o tempo, velhinho como todas as pessoas de sua geração, ainda resistindo ao impacto das intempéries, das borrascas. Já foi bonito, tocado pelos licopódios e flores da praça, nas festas tradicionais do lugar, onde a mocidade – que já envelheceu- viveu e amou, e agora suspira e chora.
Ah, velho coreto de Itabaiana, você é o ultimo tombar, a cair. Não pertenço a essa boa terra de Bastos de Andrade e do seu irmão Zé da Luz, como você. Mas com o pensamento posso alcançá-lo nas noites de ano novo, de natal, das festas cívicas, do são João, do são Pedro e etc.
Ah, velho coreto de Itabaiana, você é o ultimo tombar, a cair. Não pertenço a essa boa terra de Bastos de Andrade e do seu irmão Zé da Luz, como você. Mas com o pensamento posso alcançá-lo nas noites de ano novo, de natal, das festas cívicas, do são João, do são Pedro e etc.
Ah, coreto de Itabaiana, velho coreto, quantas músicos você não ouviu durante noites inteiras!
Quantas valsas lindas já não banharam você! Quantas rosas não foram tiradas do seu interior! Quantas!
Coreto velho, você assistiu a muitos romances que se perderam e se desfizeram depois. Mas, também você testemunhou a muitos que se transformaram em lar, doce lar. Você, velho coreto é um poema, uma página musical que ainda toca... uma flor que ainda cheiras... uma carta de amor que ainda balbucia... a última flor do canteiro.
Você velho coreto, você é o céu da cidade, você é o céu de Itabaiana, você é uma estrela que caio do céu na terra de Zé da luz.
Você, velho coreto, conheceu muitas gerações, quando a vida lhes era um sorriso, um abraço perfumado, onde as mãos se apertavam no verdor dos anos.
Muitos daqueles jovens se foram, ficando você.
Você esta cansado, triste, fatigado. Nem parece mais que foi aquele, aquele, aquele em torno de que moças e rapazes gastavam a noite no passeio feliz, onde a vida vale a pena e justifica.
Você, nos dias de festa, amanhecia – parece que estou vendo - feliz radiante, caiado, enfeitado, entre musicas e flores, debaixo das ultimas estrelas da manhã, ao estrugir doces dos foguetões que partiam os céus explodindo e anunciando a todos as festas tradicionais.
Ah, velho coreto de Itabaiana, como tudo mudou não foi?
A mocidade dos nossos dias nem parece precisar mais de você. Que houve velho coreto? Porque você e ela estão tão distantes, quando se ladeavam ontem?
Você esta aí, no centro na Praça Manoel Joaquim de Araújo, a beira do caminho, onde hoje há fumaça de gasolina dos carros tisna seu rosto, já enrugado pelos pesados anos. Antes pétalas, perfumes e flores você respirava. Hoje, apenas o pó da estrada deixado no seu rosto pelos pneus que passavam correndo o dia todo.
Você, velho coreto, é a estrela Dalva da praça, que nunca mais cintilou.
Naquele tempo, você era a alma de poetas, dos aedos, quando tínhamos poetas. Hoje, quase não mais os temos. Ontem, as flores eram perfumadas; hoje são feitas nas fábricas. Ontem os jovens amavam o luar; hoje, o luar se perde sobre as telhas dos clubes, onde os ouvidos são inflamados pela música ruidosa, pouco gentil dos nossos dias.
Ah, velho coreto, tenho pena de você. Você é o ultimo poema daqueles tempos que os ventos da tarde cálida e empoeirada vai levando, vai levando. Mas você não vai ser jogado para o mato. Não, coreto velho, você vai subir para o céu, porque é ali o lugar das estrelas. De LÁ, você vai se sentir mais saudades ainda.
Velho coreto de Itabaiana, quando você era rapazinho eu era menino de calças curtas, moleque a encher minha rua de traquinagens, lá na minha terra natal, a Cidade de Santa Rita, ladeando o Rio Paraíba e o canavial que quase não tem fim.
Como juiz nunca teve felicidade de casar os noivos que você uniu entre os “bouquets de roses”.
Mas... oh, velho coreto, não poderia deixar de lhe atribuir esta homenagem.
Você engrandeceu e fez feliz a cidade.
Bendita seja Itabaiana, terra do dono d’A DONA DOS DOIS CUSCUZ.
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Texto extraído do livro, “Atentado ao Juiz de Itabaiana”. Escrito por, Reginaldo Antonio de Oliveira.